O recordar da vida interior

O recordar da vida interior

O recordar da vida interior –  As aflições que o mundo exterior causam na vida do homem moderno o angustia de um modo tal que, de início, ele nem mesmo acredita ser possível uma vivência da vida de interioridade. As preocupações do cotidiano tenta, veementemente, se impor sobre as ocupações de sobrevivência fazendo, de certo modo, se parecer necessárias.
Por Padre Joacir S. d´Abadia
Neste momento da vida, permeada de tarefas, tudo parece ser encantador aos olhos tardios de quem não consegue desfazer-se dos envóluques aceitos como essenciais na vida, sem os quais, a mesma vida parece nem ter sentido. Para retomar à vida leve dos afazeres fugazes, o homem recorda de sua vida interior por meio do diálogo.
Ao se colocar à beira do caminho, o homem enxerga todos que passam no seu percurso de vida interior e ainda vê sua preocupação com o mundo externo. Com isso, consegue dialogar, sobretudo, com sua vida que recorda o seu interior.
Recorda-se quem és de , quando não necessita afirmar uma vida exterior que causa muito mais fadiga e desalento à vida interior, aquele homem que dialoga com o mundo, mas consegue, com ousadia, manter sua vida no caminho de vida interior. O caminho é aberto por meio dos vários encontros que se vai tendo na construção de uma entrega que exige respostas novas, com uma renovada.
Uma boa palavra para recordar neste caminho de identidade é a palavra do silêncio. Ter presente o silêncio se torna  um sinal de entrega, uma estratégia que se constitui na conexão com a . É uma indicação vital ao longo do percurso, onde a escuta se dá na novidade, uma vivência diária. Todos os dias tem sua novidade, a novidade de ser mais um dia, porém este “mais” um dia, é o “agora”: o sempre novo de todos os dias.

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Padre Joacir d’Abadia [e filósofo e escritor e autor de 15 livros.


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Réquiem para o Cerrado – O Simbólico e o Real na Terra das Plantas Tortas

Uma linda e singela do . Em comovente narrativa, o Altair Sales nos leva à vida simples e feliz  no “jardim das tortas” de um pacato  povoado  , interrompida pela devastação do Cerrado nesses tempos cruéis que nos toca viver nos dias de hoje. 

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Réquiem para o Cerrado

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!