Indígenas paraguaios acusam brasileiro de expulsá-los de terra
Famílias indígenas da etnia avá-guarani estão acampadas há três meses no Congresso Paraguaio e afirmam que foram expulsas de suas terras por pistoleiros contratados por um fazendeiro brasileiro
Por Fabiano Masisonnave/FolhaPress
Acampadas há três meses diante do Congresso do Paraguai, 37 famílias indígenas da etnia avá-guarani afirmam que foram expulsas de suas terras por pistoleiros contratados por um fazendeiro brasileiro. O suposto ataque teria acontecido no dia 28 de outubro de 2018, contra a comunidade Takuara’i, no município paraguaio de Corpus Christi, próximo à cidade brasileira de Sete Quedas (MS).
“Fomos expulsos sob a mira de armas de fogo”, afirmou à reportagem a liderança Derlis Lopez, 34, por telefone. “Torturaram idosos e crianças, mataram galinhas e cachorros. Não ficou ninguém.”
Lopez afirma que o mandante do ataque é o fazendeiro brasileiro Fábio Siqueira Fernandes, de Sete Quedas. Ele também estaria por trás do assassinato do indígena Isidoro Barrio, da comunidade. “Foi morto diante de toda a família no dia 16 de setembro. Depois, levaram o seu corpo em uma caminhonete”, declara a liderança indígena.
Nas últimas semanas, os avá-guaranis intensificaram os protestos em Assunção, até serem recebidos pelo presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural da Terra (Indert), Horacio Torres. Trata-se do equivalente paraguaio ao Incra.
Após o encontro, no fim de janeiro, Torres afirmou à imprensa local que estava tomando conhecimento da situação e que o órgão estudava fazer uma vistoria técnica na região da comunidade. Nos últimos dois dias, a reportagem tentou contato com a presidente do Instituto Paraguaio do Indígena (Indi), Ana María Allen Dávalos, mas não houve resposta.
Assim como ocorre em Mato Grosso do Sul, são comuns os conflitos fundiários entre fazendeiros e indígenas na zona de fronteira do Paraguai com o Brasil. Há diversos casos de áreas vendidas várias vezes e de grilagem de terras.
Em entrevista à reportagem por telefone, o fazendeiro Fábio Fernandes negou o uso de violência. Ele disse que a terra foi comprada por seu pai e que os indígenas deixaram a região após ele ter pago dinheiro a lideranças. “Eles invadiram. Foi feito um acerto com o advogado do cacique, e eles saíram da fazenda”, afirma. Fernandes diz que seu pai obteve, em 1982, o título da terra – hoje, está em nome de sua esposa, de nacionalidade paraguaia.
“Meu advogado disse: ‘Quanto vocês querem para desocupar a terra?’. Tinha cinco, seis pessoas. ‘Eu quero tanto.’ Vamos pagar. E, no final, foi feito acerto. Foi livre e espontânea vontade.” Ele não quis revelar quanto teria pago. De acordo com ele, os indígenas ficaram apenas de 60 a 90 dias na região. Após a saída, Fernandes disse ter arrendado a terra para sojicultores.
O fazendeiro afirmou que o homicídio é uma “invenção”. “Quando o homem sumiu, eram eles que tinham posse da fazenda.” “Num domingo, eles falaram que o indígena sumiu. Mas, no sábado, os indígenas estavam com ele. Tem muitas controvérsias.”
Após a entrevista, Fernandes enviou uma escritura de terras datada de 1990, emitida no Paraguai.
Lopez afirma que o mandante do ataque é o fazendeiro brasileiro Fábio Siqueira Fernandes, de Sete Quedas. Ele também estaria por trás do assassinato do indígena Isidoro Barrio, da comunidade. “Foi morto diante de toda a família no dia 16 de setembro. Depois, levaram o seu corpo em uma caminhonete”, declara a liderança indígena.
Nas últimas semanas, os avá-guaranis intensificaram os protestos em Assunção, até serem recebidos pelo presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural da Terra (Indert), Horacio Torres. Trata-se do equivalente paraguaio ao Incra.
Após o encontro, no fim de janeiro, Torres afirmou à imprensa local que estava tomando conhecimento da situação e que o órgão estudava fazer uma vistoria técnica na região da comunidade. Nos últimos dois dias, a reportagem tentou contato com a presidente do Instituto Paraguaio do Indígena (Indi), Ana María Allen Dávalos, mas não houve resposta.
Assim como ocorre em Mato Grosso do Sul, são comuns os conflitos fundiários entre fazendeiros e indígenas na zona de fronteira do Paraguai com o Brasil. Há diversos casos de áreas vendidas várias vezes e de grilagem de terras.
Em entrevista à reportagem por telefone, o fazendeiro Fábio Fernandes negou o uso de violência. Ele disse que a terra foi comprada por seu pai e que os indígenas deixaram a região após ele ter pago dinheiro a lideranças. “Eles invadiram. Foi feito um acerto com o advogado do cacique, e eles saíram da fazenda”, afirma. Fernandes diz que seu pai obteve, em 1982, o título da terra – hoje, está em nome de sua esposa, de nacionalidade paraguaia.
“Meu advogado disse: ‘Quanto vocês querem para desocupar a terra?’. Tinha cinco, seis pessoas. ‘Eu quero tanto.’ Vamos pagar. E, no final, foi feito acerto. Foi livre e espontânea vontade.” Ele não quis revelar quanto teria pago. De acordo com ele, os indígenas ficaram apenas de 60 a 90 dias na região. Após a saída, Fernandes disse ter arrendado a terra para sojicultores.
O fazendeiro afirmou que o homicídio é uma “invenção”. “Quando o homem sumiu, eram eles que tinham posse da fazenda.” “Num domingo, eles falaram que o indígena sumiu. Mas, no sábado, os indígenas estavam com ele. Tem muitas controvérsias.”
Após a entrevista, Fernandes enviou uma escritura de terras datada de 1990, emitida no Paraguai.
Foto: Fábio Nascimento/MNI
ANOTE:
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