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PESADELO: “OLHA O MURO, OLHA A PONTE…”

Pesadelo: “Olha o muro, olha a ponte…”

O muro caiu, olha a ponte
Da liberdade guardiã
O braço do Cristo, horizonte
Abraça o dia de amanhã, olha aí

Pesadelo

(Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro)

Quando o muro separa uma ponte une
Se a vingança encara o remorso pune
Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta
E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí

Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo troco
Vamos por aí eu e meu
Olha um verso, olha o outro
Olha o velho, olha o moço chegando
Que medo você tem de nós, olha aí

O muro caiu, olha a ponte
Da liberdade guardiã
O braço do Cristo, horizonte
Abraça o dia de amanhã, olha aí

PESADELO: "OLHA O MURO, OLHA A PONTE..."

PAULO CÉSAR PINHEIRO 

Paulo César Pinheiro (1949) é um compositor, letrista, poeta e escritor brasileiro. Parceiro de João de Aquino, Baden Powell, Pixinguinha, Tom Jobim, Francis Hime, Ivan Lins, Edu Lobo, Toquinho, Lenine, entre outros, teve suas músicas gravadas por grandes nomes da MPB. Compôs trilhas sonoras para a televisão, teatro e .
Paulo César Francisco Pinheiro (1949) nasceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de abril de 1949. Ainda menino já escrevia poesias. Com 14 anos, em parceria com João de Aquino, escreveu sua primeira composição “Viagem”, que foi gravada por diversos interpretes. Aos 15 anos iniciou sua parceria com o violonista Baden Powell.
 
]Dessa parceria, sua “Lapinha” interpretada por Elis Regina foi a vencedora da I Bienal do Samba da TV Record, em , em 1968. Paulinho, como era chamado, tinha apenas 18 anos.
 
Ainda em 1968, em parceria com Francis Hime, escreveu “A Grande Ausente” defendida por Taiguara no III Festival da , sendo classificada em 6º lugar. Nesse mesmo ano, participou do III Festival Internacional da Canção com a música “Sagarana” interpretada por Odete e “Anunciação” (com Francis Hime) interpretada pelo MPB 4.
 
De sua parceria com Baden Powell destacam-se as primeiras interpretes como: Elis Regina, que gravou “Samba do Perdão”, “Quaquaraquaquá” e “Aviso aos Navegantes” e Elizete Cardoso com “Refém da Solidão”.
 
Ainda em 1970, Paulo César Pinheiro escreveu músicas para a trilha sonora da novela Semideus, e do filme A Vingança, de Marcos Farias. De sua parceria com Mauro Duarte, as músicas “Menino Deus” e “Canto das Três Raças” foram gravadas pela cantora Clara Nunes, sua primeira , que faleceu em 1983.
Ainda na década de 70, a música “E Lá se Vão Meus Anéis” (com Eduardo Gudin) foi classificada em 1º lugar no IV Festival Universitário da Música Popular, interpretada pelo conjunto OS Originais do Samba, em 1971. No ano seguinte, sua música, “Diálogo” em parceria com Baden Powell ficou em 2º lugar no VII Festival Internacional da Canção.
Em 1974, Paulo César gravou seu primeiro disco como interprete de suas canções: “Paulo César Pinheiro”, com destaque para as músicas “Maior é Deus” (parceria com Eduardo Gudin), “Bezouro Mangangá” (com Baden Powell), “Viagem” (com João de Aquino), “Pesadelo” (com Maurício Tapajós) e “Cicatrizes” (com Miltinho).
Suas poesias foram publicadas nos livros: “Canto Brasileiro” (1973), “Poemas Escolhidos” (1983), “Viola Morena” (1984), “Atabaques, Violas e Bambus” (2000), “Clave de Sal – Poemas do Mar” (2003). Publicou os romances: “Portal do Pilar” (2009) e “Matinta, o Bruxo” (2010) e também “ das Minhas Canções” (2010).
Entre seus interpretes famosos destacam-se Chico Buarque, que em 2001 gravou o samba “O Poder da Criação”, Edu Lobo, que em 2010 gravou o CD intitulado, “Tantas Marés”, com músicas de autoria dos dois.
 
Nesse mesmo ano, Maria Betânia lançou o CD e DVD “Amor, Festa e Devoção” com as canções “O Amor Outra Vez” (com Dori Caymmi) e “Linha de Caboclo” (com Amorim). Em 2012, a cantora lançou o CD “Oásis da Bahia” com as músicas “Salmo” (com Raphael Rabello) e “Cartas de Amor”, uma parceria com a própria Betânia.
 

PESADELO: "OLHA O MURO, OLHA A PONTE..."

 
 
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: ebiografia

MAURÍCIO TAPAJÓS

Maurício Tapajós nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 1943. E faleceu em 21 de abril de 1995.

Sua família sempre foi muito ligada á música., e às artes. Seu pai, Paulo Tapajós, era radialista, compositor e cantor. Juntamente com os irmãos, Paulo foi o responsável pela estréia de Vinícius de Moraes, na parceria da música: “ Loura ou Morena”, em 1928.

O irmão de Maurício, de nome Paulinho, também é músico, tendo começado a compor e a gravar em 1960.

A primeira gravação de Maurício Tapajós foi: “ Carro de Boi”, em parceria com A .C. Brito e foi gravada pelo conjunto: “ Os Cariocas”. Em 1967, Maurício compôs , em parceria com Hermínio Carvalho: “ Mudando de Conversa”, que foi sucesso, na voz da cantora Doris Monteiro.

Na década de 70, Maurício Tapajós teve várias músicas gravadas, incluindo: “ Pesadelo”, com Paulo César Pinheiro. Também gravou o hino da anistia: “ To Voltando”. E vários outros.

Foi nessa época que Maurício criou sua própria gravadora” Saci”- de Artistas Independentes. Pela Saci, lançou: “ Olha Aí”, o LP duplo: “ Aldir Blanc e Maurício Tapajós, e “ Rio, Ruas e Risos”, também de Aldir Blanc e Maurício Tapajós.

Maurício foi fundador da AMAR- Associação dos Músicos e regentes. Ele foi presidente da entidade.  Maurício Tapajós faleceu em 1995. Estava com apenas 52 anos de idade.PESADELO: "OLHA O MURO, OLHA A PONTE..."

Fonte: museudatv

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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