Sebastião Salgado: Perfume de sonho – uma viagem ao mundo do café
Assim, podemos ver, em preto e branco, Brasil, Guatemala, Índia, China, Tanzânia e outros cinco países, revelados pelo cultivo do café arábica.
Sebastião observa vagarosamente a vida que habita o universo do café resgatando, por meio da visibilidade de sua arte, a dignidade do lavrador em tons do mais puro branco ao mais intenso negro.
“Meu mundo é preto e branco, eu vejo em preto e branco, eu transformo todas essas gamas maravilhosas de cores – e eu acho a cor muito bonita – em gamas maravilhosas de cinza, o preto e branco é uma abstração, é uma forma que eu tenho de sair de um mundo e entrar em outro para poder trabalhar o meu sujeito fotográfico, poder dedicar tempo à dignidade das pessoas. Isso eu consigo em preto e branco, acho que em cores eu não conseguiria.” – Sebastião Salgado (em entrevista a RFI, 9.11.2017)
O Livro
Em “Perfume de um Sonho”, o seu olhar, a sua forma de ver a atividade humana do trabalho em toda a sua esplendorosa dignidade, foram 10 anos de paciente observação do fotógrafo em 10 países diferentes, à espera da chegada do momento certo em que a luz e a sombra criem a atmosfera de respeito que caracteriza toda a obra de Salgado, sua exaltação e entusiasmo militante por aqueles irmãos da grande família humana que, com seu esforço anônimo, levam a estimulante alegria do café até às nossas mesas. Com suas fotografias, Sebastião Salgado convida-nos a ler o aroma do café e a olhar para o fundo da xícara, não para vislumbrar nosso futuro, mas para ver uma longa fila de homens e mulheres que sobem por estreitos caminhos até acima das nuvens, ou que abrem caminho em selvas escuras e úmidas no lombo de mulas até chegar ao cafezal. Mulheres e homens de diferentes raças e cores da pele, que nos templos de armazenamento parecem entregar-se a uma religião desconhecida. Da mesma forma como em algumas regiões as mãos passam as contas do rosário, quer seja para invocar todos.
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