Stédile: Os novos caminhos do Brasil devem ser decididos nas urnas, não em tribunais

A saída da crise é um novo para  o país, que será decidido nas urnas – 

Por: João Pedro Stédile –

Há uma grave crise no . A falta de crescimento econômico é somada à desindustrialização e estagnação dos produtivos. A está refém do rentismo financeiro, lugar da prática das mais altas taxas de juro do mundo. Voltmaos a ser um país agroexportador, dependente de commodities agrícolas e minerais.

Essa situação econòmica produziu uma crise social, com o aumento do desemprego e a falta de moradia. Os(as) trabalhadores(as) sofrem coma na grandes , resultado do agravamento dos índices de social. Apenas seis grandes capitalistas do Brasil ganham mais do que os 12 milhões de brasileliros mais pobres.

A crise é resultado dessa conjuntura. O golpe, com a deposição de um governo legítmo, objetivou o controle de de todos os poderes para que a burguesia tornasse as medidas legislativas e econômicas que jogam o peso da crise econômica sobre a classe trabalhadora.

O golpismo atua neste cenário. A Operação Lava-Jato, que visava a apenas investigar casos de corrupção na Petrobras, fugiu dos rigores da lei e da Constituição para servir a interesses não explicados do capital estrangeiro e das empresas transacionais estadunideneses. Teve como missão inviabilizar quase todas as empresas de construção civi; levou à falência as empresas da indústria naval, inclusive as que operavam em Rio Grande. Entregou o pré-sal a empresas estrangeiras.

Agora, a Lava-Jato serve para consolidar o golpe, através do impedimento da candidatura de . Trata-se de um processo manipulado, sem provas, que conta com parte do Judiciário e com a ajuda da mídia, principalmente da Rede Globo. Esse processo não é judicial! É uma tentativa de impedir que os trabalhadores, 85% da população, tenham candidato. Lula não é mais candidato do PT. Lula representa toda a classe trabalhadora.

A burguesia, apenas 1% dos brasileiros, tem que parar de fazer teatro midiático e judicial. Escolham seus candidatos disputem ideias com o ! A saída da crise é um novo projeto para  o país, que será decidido nas urnas. Não em tribunais, por meia dúzia de plutocratas.

ABC une

ANOTE AÍ:

João Pedro Stédile – Economista. Líder do MST e da Frente Brasil Popular.

MST mao brasil 247

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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