Um menino preto sobe a rampa da esperança

Um menino preto sobe a rampa da

Por Iêda Leal

Coube a Francisco Carlos do Nascimento e , 10 anos, morador de Itaquera, na zona leste de , nadador e torcedor do Corinthians, time do Presidente Lula,  ser a única criança no grupo de representantes do brasileiro na entrega da faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva, depois de subir a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, no histórico dia 1º de janeiro de 2023.

“Eu sabia que estava representando todas as crianças, as crianças pretas, o esporte, principalmente a natação, o Corinthians, a natação do Corinthians. Para mim foi muito especial. Representei as crianças negras que têm para realizar e que têm objetivos grandes”, disse o menino Francisco, filho de uma assistente social negra e de um advogado negro, em entrevista à CNN.

Embora só tenha conversado com Lula pela primeira vez em dezembro de 2022, durante o Natal dos Catadores, organizado pela Associação Nacional dos Catadores, em São Paulo, Francisco conta que, no tempo da prisão de Lula, escreveu uma cartinha ao Presidente, dizendo que as crianças acreditavam  em sua inocência e que viajou uma vez a Curitiba para dizer “Bom Dia, Presidente Lula”. 

Também participaram da entrega da faixa ao Presidente Lula: Aline Sousa, catadora; Flávio Pereira, ; Ivan Pereira, influencer PcD; Jucimara Fausto, cozinheira; Murilo , professor; Raoni Metuktire, grande líder e cacique indígena; e  Wesley Rocha, metalúrgico.  Francisco é o único que, até o momento, expressou o sonho de ser, uma dia, Presidente do . Viva o sonho de Francisco!

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Iêda Leal –Secretária de Combate ao da CNTE; Secretária de Comunicação da CUT-GO; Tesoureira do SINTEGO; Coordenadora Nacional do Brasileiro

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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