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20 de novembro – Dia da Consciência Negra

20 de novembro – Dia da

A escravidão deixou marcas profundas no país, para fazer esse resgate histórico precisamos acabar com o estrutural. Essa é uma tarefa de todos

Por Redação Fetec-CUT/CN

Os mais de três séculos de escravidão deixaram marcas profundas nas relações econômicas, sociais, culturais e institucionais do país.
Produziram um racismo estrutural que está impregnado na nacional. Um racismo que está escancarado em todas as
estruturas. Que desumaniza os negros.

Nega-lhes o direito à e à . Que os confins  nas favelas e periferias desprovidas de toda infraestrutura. Que os aprisiona nos empregos mal remunerados ou nos índices de desemprego e subemprego.

É o racismo estrutural que aperta o gatilho e provoca o verdadeiro genocídio contra os jovens negros em todo o país. Também no sistema financeiro o racismo é explícito. Apenas 24% dos bancários são negros.

Que ganham 87% dos salários dos brancos e praticamente têm a ascensão profissional abortada por causa da cor da pele.

Os bancários lutam há décadas contra o racismo e contra todas as discriminações. Após décadas de lutas, conquistaram cláusula na Convenção Coletiva assegurando a igualdade de oportunidades. Mas o racismo se infiltra pelas brechas e permanece.

“Nossa é para que não só os bancos, mas todas as empresas e a deixem de reproduzir esse racismo estrutural e
adotem políticas afirmativas que coloquem fim a qualquer tipo de discriminação e que apontem para a igualdade de oportunidades”, destaca Arílson da , secretário de Relações Políticas e Sindicais da Fetec-CUT/
CN e diretor da Contraf-CUT.

Combater o racismo estrutural é uma luta permanente e cotidiana. E é uma tarefa de todos. Não apenas dos negros.
Federação dos Bancários do Centro-Norte
(Fetec-CUT/CN)

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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