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Resistência Feminina Nas Telas do Cinema

Recentemente, quatro bons filmes sobre mulheres foram exibidos nas salas de cinema brasileiras: Carol, Hannah Arendt, Flores Raras e As Sufragistas. Nos quatro, mulheres libertárias optaram por enfrentar sociedades conservadoras por um objetivo maior: a defesa de seus modos de pensar e de existir.

Carol

Exibido pela primeira vez no 68º Festival de Cannes, em maio de 2015, o filme, do diretor Todd Haynes, retrata o envolvimento homoafetivo de duas mulheres, Carol Aird (Cate Blanchett) e Therese Belivet (Rooney Mara), no início da década de 1950, época de acirrado preconceito contra a homossexualidade nos Estados Unidos.

Com uma filha pequena e vida familiar confortável e estável para os padrões da época, Carol se vê obrigada a camuflar seus sentimentos. O filme mostra um universo repleto de sutilezas, expressados em toques e olhares sem pressa nem extravagância que explodem em grandes momentos de ardente paixão depois de o caso vir à tona.

Desmorona-se o casamento burguês. Carol pede o divórcio. O marido recusa a separação e parte para a chantagem: ou ela volta ou perde a guarda da filha. O caso vai parar os tribunais.

Em um rompante durante a audiência, Carol decide sacrificar a guarda da filha pelo amor de sua companheira, que conheceu acidentalmente em uma loja de departamentos. Com relação à guarda da filha, o filme deixa subentendido que Carol conseguiu ficar com o direito a visitas supervisionadas. Já Therese, a balconista objeto de sua paixão, virou fotógrafa do New York Times.

Flores Raras

Drama do brasileiro Bruno Barreto, Flores Raras retrata a história verídica de amor entre a forte e decidida arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires) e a tímida e insegura poetisa americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto), nos anos 1960. O filme rompe com um tabu no cinema brasileiro, ao colocar o relacionamento homoafetivo como tema central do roteiro.

Deixando de lado os tradicionais estereótipos, Flores Raras conta uma bela e dramática história de amor, durante um período importante de nossa história recente: o Golpe Militar de 1964 e suas implicações para o futuro da democracia e das liberdades no Brasil.

Decidida e controladora, Lota alia-se ao governador golpista Carlos Lacerda e investe seu tempo na construção do Parque do Flamengo, negligenciando o relacionamento com Bishop que, depois de uma internação psiquiátrica, opta por voltar aos Estados Unidos. De volta a casa, mesmo amando Lota, Bishop envolve-se em novo relacionamento.

O filme começa e termina com um triângulo amoroso homossexual, explorado apenas de forma subliminar. No início da relação com Bishop, Lota mantém no Rio de Janeiro outra relação afetiva de longa data. Depois da partida da amada, não conseguindo viver sem Bishop, Lota viaja aos Estados Unidos em busca dela. Lá, encontra a companheira com nova união estável, o que a leva ao desespero e ao final dramático do filme.

Hannah Arendt

Em Hannah Arendt, a diretora Margarethe von Trotta trata do julgamento, em 1961, de Adolf Eichmann, um dos nazistas que escaparam do Julgamento de Nuremberg vindo para a América Latina. Agentes israelenses o capturaram na Argentina e o levaram escondido para julgamento em Jerusalém.

Embora não fosse jornalista, Hannah Arendt, (Barbara Sukowa), judia alemã chegada aos Estados Unidos como refugiada, vinda de um campo de concentração nazista na França, viajou a Israel para fazer a cobertura do julgamento para a revista independente The New Yorker. O material da cobertura, organizado pela revista em 5 artigos, gerou enorme controvérsia.

Para Arendt, muitos dos que praticaram crimes de guerra eram simples burocratas e não monstros. Em seu entendimento, Eichmann era um mero burocrata, um João ninguém banalizando o ódio, e não o monstro criado pela mídia. Nos artigos, Arendt relata também sua inconveniente perspectiva de que alguns influentes judeus europeus, principalmente entre os rabinos, ante o Holocausto lavaram as mãos, ou mesmo ajudaram na matança de seus pares.

Em consequência, Hannah tornou-se persona não grata para grande parte da comunidade judaica de New York e passou a ser vista como uma inimiga do Estado de Israel. Mesmo com a sociedade americana contra ela e contra a revista, Hannah Arendt resistiu a todo tipo imaginável de pressão e em nenhum momento recuou de suas posições.

As Sufragistas

O filme, conduzido pela diretora Sarah Gravon, é sobre a luta pelo direito ao voto das mulheres no início do século 20, na Inglaterra, um dos primeiros países do mundo onde as mulheres decidiram que tinham esse direito.

Desde o começo, o roteiro mostra homens bradando contra o voto feminino. Em resposta, a operária Maud Watts (Carey Mulligan) joga uma pedra contra uma vitrine, ao mesmo tempo em que grita por seus direitos.

Presa e torturada, Maud, uma lavadeira sem nenhuma formação política, acostumada à opressão masculina, desperta para a política. Daí pra frente, passa a lutar contra as opressoras regras sociais do início do século XX.

Por todo o filme, a luta pelo direito ao voto se mostra como uma luta contra a opressão; a ausência do direito ao sufrágio serve como pano de fundo para a denúncia da desigualdade entre os sexos, para a defesa das minorias e para a denúncia dos valores machistas, apontando o dedo para as tragédias sociais que ainda hoje persistem em várias partes do mundo.

Para as mulheres inglesas (apenas para mulheres proprietárias maiores de 30 anos), o direito ao voto foi conquistado no ano de 1918, fortalecendo a luta pelos direitos das mulheres em todo o mundo.

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