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Feminicídio contra quilombolas está se tornando cada vez maior, diz pesquisa

Feminicídio contra quilombolas está se tornando cada vez maior, diz pesquisa

O assassinato de Maria Bernadete Pacífico, em 17 de agosto de 2023, traz à tona uma realidade invisibilizada em nosso dia a dia: o racismo e o machismo que sofrem as mulheres quilombolas.

Por Redação/Mídia Ninja

No documento Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil, elaborado pela Terra de Direitos em parceria com a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), há dados sobre as violências que os povos quilombolas vem sofrendo, e a maior motivação de assassinatos contra esses povos se dá por conflitos por terra ou em razão de feminicídios.

Os números não mentem

Nesta edição, o documento identifica assassinatos registrados nos quilombos entre 2018 e 2022 e mostra que, apesar dos homens serem as principais vítimas, percebe-se que as mulheres quilombolas têm sido mortas pelo fato de serem mulheres.

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Imagem: Infográfico presente no documento “Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil”, elaborado pela Terra de Direitos em parceria com a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ).

Em dois episódios investigados, houve a morte de mais de uma pessoa quilombola. Tratam-se dos assassinatos de mãe e filho, mortos pelo padrasto em Pernambuco, e do assassinato de pai e filho, no Maranhão. Maria Aparecida da Silva, do Quilombo Conceição das Crioulas/PE, foi assassinada junto com o filho, Humberto Erick da Silva, em 2019. Crime cometido e confessado pelo marido de Maria e padrasto de Humberto.

A região norte foi a segunda onde mais ocorreram assassinatos (12,5%). Outro número vergonhoso para a região norte vem da Secretaria Nacional de Segurança: os registros de feminicídios no primeiro semestre de 2022 na região aumentaram em 75% se comparado ao mesmo período do ano anterior.

Os quilombolas: proteção da Amazônia

QUILOMBO MATA CAVALO FOTO BRUNO KELLY
Foto: Bruno Kelly / Amazônia Real

O Brasil tem quase 5 mil comunidades quilombolas, e existe um grande número na região norte do país. Os quilombolas possuem uma relação muito próxima à floresta, usam as técnicas de agricultura familiar para adquirir sua alimentação. Também têm elevado nível de conhecimento sobre plantas medicinais além de preservarem a natureza.

De acordo com levantamento feito pelo InfoAmazonia, as taxas oficiais de desmatamento de 2008 a 2021 do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que 99% dos territórios quilombolas estão com a vegetação preservada e criam escudos de preservação na Amazônia.

Por isso, é importante também lutar pela titulação e preservação dos quilombos e dos modos de vida da população quilombola, mas também é importante a implantação de outras políticas publicas que repensem os papéis de gênero dentro dos quilombos, assim como conscientizem sobre a violência contra a mulher. 

Fonte: Mídia Ninja. Foto de capa:  Unicef Brasil.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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