Processo contra Benki afronta o povo Ashaninka

Processo contra Benki afronta o povo Ashaninka

de manifestação da Associação Apiutxa sobre o processo criminal da Justiça do Acre em que Benki é réu: 

Viemos através deste documento nos manifestar em nome da Associação Apiutxa, do povo Ashaninka do rio Amônia. Em nome de Francisco Piãko, afirmamos que Benki Piãko é membro de nossa organização e uma das lideranças Ashaninka.
 
Afirmamos que sua é pautada pela defesa dos territórios indígenas, dos povos da e dos . Por isso, entendemos que a forma como foi conduzido o processo judicial ao qual Benki responde constitui uma afronta à nossa história e à trajetória do povo Ashaninka.
 
Em nome de Wewito Piãko, solicitamos que o trabalho Ashaninka de proteção de fronteiras e recuperação do território, assim como as ações socioambientais executadas por esse povo (também através do trabalho de Benki) sejam vistas e reconhecidas pelo governo e pela justiça brasileira. É muitas vezes o povo Ashaninka que assume a responsabilidade de ações que deveriam ser executadas pelo Estado.
 
Benki Piãko é representante do povo Ashaninka na cidade de Marechal Thaumaturgo e, por isso, é em nome do povo Ashaninka que esperamos que a justiça do Acre reconheça quem Benki realmente é: um ator socioambiental, que trabalha em prol da melhoria do meio ambiente e da qualidade de de toda a população de Marechal Thaumaturgo.
 
O que vem acontecendo com Benki hoje já aconteceu, de alguma forma, com todos nós. Precisamos transformar esse quadro histórico de perseguição do povo Ashaninka e dar o devido reconhecimento às ações socioambientais que realizamos.
 
Em nome de Moisés Piãko questionamos o Estado Brasileiro sobre quais garantias o povo Ashaninka têm enquanto povo indígena e cidadãos brasileiros. Em qual parte da legislação brasileira está a proibição em relação ao desenvolvimento de planos de sustentabilidade?  Estes são, em alguma hipótese, ilegais? Ou mesmo prejudiciais a qualquer pessoa que não seja Ashaninka?
 O Estado Brasileiro precisa valorizar de forma mais efetiva o trabalho de desenvolvimento sustentável.
 
O trabalho do povo Ashaninka é o da proteção das águas, das florestas, dos e dos seres humanos. Trabalho que também é reconhecido como direito de todos, através dos artigos de direito fundamental da Constituição Federal do Brasil. Por isso questionamos: por que somos punidos (ao invés de sermos reconhecidos) pelo trabalho que estamos fazendo?
 
O povo Ashaninka nunca se apropriou da terra, da casa, do alimento, da madeira, do boi, do açude ou do peixe de ninguém, pois nós respeitamos o direito e o espaço de todos.
 
Além disso, auxiliamos a todos que se interessam pelo nosso trabalho a praticá-lo também em suas terras. E, não há na lei, nenhuma proibição a trabalharmos juntos em prol da recuperação ambiental e da construção da alimentar das famílias envolvidas.
A nossa história está aí e todos que têm compromisso com a sabem do nosso trabalho.
 
Nosso trabalho vem para somar e ajudar a quem precisa, e não para ir contra qualquer esfera ou sistema de governo. Convidamos a justiça do Estado do Acre a ouvir o povo Ashaninka e os jovens da Associação que trabalham com Benki em relação ao processo criminal.
 
Que não se ouça apenas um lado da história. Essa forma de condução de um processo é suficiente para dar uma sentença a alguém?
Somos cidadãos brasileiros como todos e exigimos sermos tratados com a justiça e o respeito devido a todo cidadão desse país.
 
Benki Jairo 2 1
 
ANOTE AÍ:
Documento enviado por Jairo Lima, acreano, do blog  Crônicas Indigenistas
 
Benki Jairo 3 1
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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