Caruru – Receita de Dona Canô 

Caruru – Receita de Dona Canô 

Ingredientes

100 quiabos cortados

1,1 kg de camarão seco moído

1 xícara de amendoim torrado e moído

1 xícara de azeite de dendê

3 cebolas batidas no liquidificador

1 pedaço de gengibre ralado

Sal

Preparo

Jogar os quiabos cortados numa panela com água fervente. Deixar os quiabos cozinharem até os caroços ficarem cor-de-rosa. Colocar os temperos e deixar cozinhar bem até ficar com “cara de velho”.

CARURU DE FOLHA

O caruru de folha é igual ao caruru só de quiabo. Para ficar mais gostoso, juntar folhas de língua-de-vaca, de taioba, ou espinafre, aferventadas, escorridas e bem coradinhas ou batidas no liquidificador com um pouco de leite de coco, como se faz com o efó. Camarão seco moído, cebolas batidas no liquidificador, azeite de dendê, castanhas e amendoim torrados e moídos, misturados aos quiabos e às folhas já bem cozidas dão o toque final.

DONA CANÔ – Receita registrada no livro O Sal é um Dom – Receitas de Dona Canô, de Mabel Velloso. Editora Casa da Palavra, 2ª edição, 2008.


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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