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O que está acontecendo com nossos corais?

O que está acontecendo com nossos corais? Pesquisa da UFRN quer saber se mudanças globais impactam os recifes da costa brasileira

Em meio à imensidão de vidas marinhas, os corais formam um espetáculo de beleza e diversidade. A união desses organismos no mesmo espaço constitui os recifes, uma aquarela natural que atrai milhões de turistas ao redor do mundo. Os visitantes desconhecem, no entanto, que o contato com os elementos desse ambiente não acaba após o mergulho nos parrachos.

Na verdade, a contribuição dos corais para os seres humanos está mais próxima do que se imagina: substâncias regenerativas de alguns corais são aplicadas na produção de cremes estéticos, enquanto a exuberância de algumas espécies de peixes e ouriços é transferida para aquários ornamentais. As utilidades para os humanos, além da importância para a sobrevivência de espécies, são suficientes para uma constatação: devemos preservar os corais.

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Contudo, a interferência humana provoca mudanças globais ameaçadoras para esse organismo, cujo desaparecimento é realidade em locais onde ocorre seu branqueamento. Pouco se sabe, no entanto, dos efeitos na costa do . Esse é o propósito do estudo coordenado pelo professor Guilherme Ortigara Longo, do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que busca desvendar os impactos das mudanças globais sobre os recifes brasileiros.

Risco de extinção

Guilherme Longo
Foto: Google

“Se o coral dá estrutura ao ambiente, os seres que o usavam como alimento ou abrigo também desaparecem”, ressalta o professor, ao explicar as consequências da perda de diversidade e complexidade, frisando o risco de extinção de espécies existentes apenas no Brasil.

Entre os animais em perigo, estão a lagosta e o sirigado, apreciados como produtos de requinte na gastronomia. Da dos corais ainda são aproveitadas as esponjas, que têm alto potencial farmacológico, e as microalgas são utilizadas para produção do ágar-ágar, explorado pela indústria farmacêutica e alimentícia.

De acordo com Guilherme Longo, a população em geral não tem ideia da dimensão exata que o extermínio dos corais pode acarretar em seu cotidiano, talvez por acreditar que o mar está muito distante do dia a dia. “Se esse coral morre aqui, morreu para o planeta”.

Presente, passado e futuro

A pesquisa do professor Guilherme Longo é financiada pelo Instituto Serrapilheira, instituição voltada ao fomento científico do País. Além de avaliar o presente, o projeto engloba o resgate ao passado e a previsão de futuro dos corais, caso as mudanças globais como clima e permaneçam no mesmo ritmo.

A ideia é montar um quebra-cabeça da história dos recifes brasileiros, a partir das referências registradas pelos antepassados em imagens antigas, documentos históricos, cartas náuticas, obras de arte e gravuras. Relatos de navegadores e entrevistas com pescadores, mergulhadores e pesquisadores, também ajudarão a traçar a realidade das décadas anteriores para entender o cenário atual.

A previsão do futuro acontecerá por meio de simulações em laboratório e da compilação de dados, que serão utilizados em modelos matemáticos para identificar como será o comportamento dos peixes e as consequências para os corais.

No presente, o monitoramento da saúde soma-se à criação de modelos 3D em computador, tendo como base fotos tiradas dos corais. Essa utilidade permite a avaliação de todas as partes do organismo, para diagnosticar se está branqueando e como anda a temperatura na região onde ele se encontra, entre outras informações.

A abordagem molecular, por sua vez, é realizada com amostras de coral e a identificação das espécies de algas associadas, a fim de saber se estas são mais ou menos resistentes às mudanças globais, principalmente ao aumento da temperatura.

Descobrir a parentada

Corais

A genética tem como foco o estudo da reprodução dos corais, que acontece de forma sexuada por meio de gametas liberados na coluna d'água. “Isso significa que um coral no parracho daqui pode ser filho de outro lá em Fernando de Noronha, e vice-versa”, explica Guilherme Longo.

Como os organismos próximos à costa sofrem maior impacto da ação humana, os recifes de lugares como Fernando de Noronha e Atol das Rocas podem ser ameaçados caso seu povoamento dependa da reprodução no litoral. Por outro lado, se a costa for suprida por corais provenientes das ilhas oceânicas, há esperanças de perpetuação da espécie.

A pesquisa trilha o caminho da primeira fase de financiamento, com a possibilidade de conquistar novos recursos do Instituto Serrapilheira para a melhoria da estrutura em laboratório. “Não temos hoje um centro de referência onde se possa fazer experimentos manipulando vários componentes das mudanças globais, numa escala de ciência internacional.

O que a gente quer é justamente consolidar um grupo de trabalho de em recifes brasileiros”, detalha o coordenador. A aquisição de novos equipamentos permitirá a finalização de todas as abordagens do projeto, que tem potencial para incluir o Brasil no mapa das mudanças globais nos recifes.

Branqueamento

O fenômeno do branqueamento ocorre em situações de alta temperatura, excesso de luz ou poluição, nas quais os corais expulsam as algas residentes em seu interior, chamadas de zooxantelas, que fornecem a cor e o alimento do coral.

Sem essa alga, ele perde a coloração e uma das principais fontes de comida, o que geralmente leva à morte. Com o aumento de 2°C da temperatura dos oceanos em 2016, até 80% dos corais morreram em determinados lugares do Pacífico. Nas ilhas Samoa, região da Polinésia, o índice chegou a 90%.

Fonte: Nossa Ciência

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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