Hiji, a pamonha de mandioca

HIJI, A PAMONHA DE MANDIOCA

Hiji, a pamonha de mandioca

Em , fazemos a pamonha com o milho ralado, de sal ou de doce. Em outras partes do , existe outro tipo de pamonha, de , feita com a massa de mandioca.

Por Lúcia Resende

Nos dois casos, a massa é envolta em folhas. Para a pamonha de milho, usamos as próprias folhas que cobrem a espiga de milho. Para a hiji, as usam a folha de bananeira, e o hábito foi mantido pelas quitandeiras.

Nas áreas mais urbanizadas, em geral amarramos as pamonhas com cordões de algodão. Nas aldeias indígenas usam-se embiras das árvores, em especial a embira da bananeira ou da bocaiúva (ou macaúba), que também conhecemos como coco xodó.

Outra diferença é que as indígenas preparam a hiji com a mandioca pura, sem qualquer acréscimo, mas há adaptações, com de outros ingredientes, que é a que trazemos.

INGREDIENTES

Aproximadamente 2 Kg de mandioca

3 ovos

4 colheres de manteiga ou margarina (derretida) ou óleo

1 ½ xícara de açúcar

1 ½ xícara de queijo ralado

100 g de coco ralado

1 garrafinha de de coco

1 pitada de sal

Canela (opcional)

Folhas de Bananeira

Barbante ou embiras

MODO DE FAZER

Descasque e rale a mandioca. Esprema em um pano para tirar o excesso de amido. Acrescente os outros ingredientes, batendo antes os ovos, clara e gema juntos. Embrulhe na folha de banana (é bom passar a folha em água fervente, para amaciar). Amarre cada hiji com embira ou cordão. Coloque para cozinhar em água fervente. Em quinze minutos, fica pronta para servir.

Obs.: Se quiser a hiji salgada, é só tirar o açúcar e aumentar o sal. Para pessoas alérgicas a leite, é só tirar o queijo.

Lúcia Resende – Professora e servidora pública aposentada. Revisora voluntária da desde a primeira edição, publicada em novembro de 2014. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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