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Leituras fundamentais para estes tempos

Leituras fundamentais para estes tempos

Leituras fundamentais para estes tempos

Se ler já é bom, imagina ter uma lista de sugestão de feita por um dos maiores filósofos da atualidade? Vai aí então uma lista de leituras que nos ajudam a compreender estes tempos. Então… vamos ler?!

Por Emir Sader

São tempos difíceis de compreender, pela sua complexidade, pela superposição de vários tipos de crises. Difíceis de captar, pela sua dinâmica e sua transformação rápida.

Mas há leituras que nos ajudam a compreender menos as árvores, mas mais a densa que permanece, mesmo se transformada, ao longo do .

Desde as últimas décadas do século passado, as transformações históricas se aceleraram e atingiram elementos estruturais que haviam constituído a no período anterior, aquele iniciado com o fim da Segunda .

Vai aí então uma lista de leituras fundamentais que nos ajudam a compreender estes tempos:

  1. O coração do mundo – Uma nova história universal a partir da Rota da Seda: o encontro do Oriente com o Ocidente. Peter Frankopan – Editora Crítica.
  2. Las nuevas rutas de la seda – Presente y futuro del mundo. Peter Frankopan – Editora Crítica (Espanha).
  3. Capital e ideologia. Thomas Piketty – Editora Intrínseca.
  4. Contra-história do liberalismo. Domenico Losurdo – Ed. Ideias e Letras
  5. O marxismo ocidental. Domenico Losurdo – Ed. Boitempo
  6. O novo iluminismo. Steven Pinker – Ed. Cia das Letras
  7. Yuva Noah Harari – Sapiens – Uma história da . Ed. L&PM
  8. Sobre a guerra. José Luis Fiori – Ed. Vozes.
  9. Contradições e o fim do . David Harvey – Ed. Boitempo.
  10. Civilisation – Comment nous sommes devenus américains. Regis Debray – Ed. Gallimard.
  11. A nova razão do mundo – Ensaio sobre a sociedade neoliberal. Pierre Dardot e Christian Laval – Ed. Boitempo.
  12. Comum – Ensaio sobre a revolução do século XXI. Pierre Dardot e Christian Laval – Ed. Boitempo.
  13. Mainstream – A guerra global das mídias e das culturas. Frederic Martel – Ed. Civilização Brasileira.

 

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Emir Sader – Emir Simão Sader (, 13 de julho de 1943) é um filósofo, de sociologia e cientista político brasileiro, filiado ao Partido dos  (PT).

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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