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LIVRO VERMELHO DA FAUNA BRASILEIRA: 1173 ESPÉCIES EM RISCO DE EXTINÇÃO

LIVRO VERMELHO DA FAUNA: 1173 ESPÉCIES EM RISCO DE EXTINÇÃO

Livro Vermelho da Fauna Brasileira: 1173 espécies ameaçadas de extinção

Ao todo, são 1.173 espécies com risco de desaparecer no Brasil

Fonte: ICMBio/Pensamento Verde

O Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio) lançou uma nova edição do livro vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção para o ano de 2018. O estudo contou com a participação de 1.270 pesquisadores. Os resultados apresentados não são tão animadores para quem ama a natureza, como biólogos, professores e alunos das faculdades de veterinária em todo o país.

Atualmente, 1.173 espécies da fauna brasileira estão sob risco de extinção. Outras 318 também estão em risco, embora ainda não se enquadrem nessa classificação de desaparecimento. O estudo abrange todos os animais vertebrados no país e, por este motivo, é inédito. O total de espécies nesta categoria chega a quase 9 mil.

LIVRO VERMELHO DA FAUNA BRASILEIRA: 1173 ESPÉCIES EM RISCO DE EXTINÇÃO
Foto: `Pensamento Verde

A pesquisa deu continuidade a relatórios produzidos nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2008. O Livro Vermelho de 2018 revisa as listas publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente no final de 2014, conforme as portarias nº 444 e 445. Neste exemplar, observa-se que 716 espécies passaram integrar o rol de animais em risco de extinção, enquanto 170 deixaram de integrá-la.

Desde 1960, o número de espécies em extinção cresce, de acordo com o ICMBio. Os pesquisadores examinaram 12.254 táxons, nome dado às unidades de classificação de seres vivos. Destes, 226 se enquadraram na categoria não aplicável, ou seja, não fazem parte da fauna brasileira.

São 1.013 táxons continentais ameaçados de extinção, o que corresponde a 86%. Eles se opõem na divisão dos pesquisadores. Além disso, 662 ocorrem em ambientes terrestres e 351 em água doce. O estudo também detalha a extinção de espécies por bioma. A Mata Atlântica é a mais ameaçada, com 50,5% de todas as espécies brasileiras em risco de extinção na região.

O estudo fez uma alteração no sistema metodológico adotado em 2008. Tal feito propiciou maior exatidão nos resultados. Por este motivo, alguns táxons foram incluídos na lista de ameaçados, mas retirado após reavaliação. As unidades de conservação são instrumento de proteção do habitat mais utilizado no país.

Até 2017, o Brasil tinha um total de 1.544.833 quilômetros quadrados de áreas protegidas, ou 2.029 unidades de conservação em todo o país, 325 delas geridas pelo Instituto . Apesar de importantes, os pesquisadores afirmam que elas, por si, só não são suficientes.

A preservação da biodiversidade depende de uma matriz e conservação, como os planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN) e os planos de Redução de Impactos à Biodiversidade causados por Atividades Antrópicas (PRIM).

Fotos utilizadas nesta matéria: Pensamento Verde 

Biodiversidade do Cerrado

O é um dos cinco grandes biomas do Brasil, cobrindo cerca de 25% do território nacional e perfazendo uma área entre 1,8 e 2 milhões de km2 nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do , oeste do Piauí e porções do Estado de São Paulo. Ainda há porções de cerrado em outros estados da federação (PR) ou em áreas disjuntas dentro de outros biomas (Floresta Amazônica). É a segunda maior formação vegetal do país, após a Floresta Amazônica, concentrando-se principalmente no Planalto Central Brasileiro (Coutinho, 1990; Eiten, 1994; Ribeiro &Walter, 1998).

Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, e estima-se que possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves (MMA, 2002). Acredita-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas sejam endêmicas. Ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots mundiais, ou seja, um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo (MMA, 2002).

Assim como ocorre nos outros biomas do Brasil, a posição e extensão do Cerrado são determinadas pelo , que é do tipo tropical, com precipitação variando de 750 a 2000 mm por ano, em média, embora na maior parte da província ocorram chuvas entre 1100 e 1600 mm por ano. Ocorrem duas estações climáticas por ano, a estação , que dura aproximadamente cinco meses (de maio a outubro) e a estação chuvosa, no restante do ano (de outubro a maio) (Eiten, 1994).

Vegetação

A vegetação do Cerrado e sua densidade, entretanto, não dependem do grau de pluviosidade, como ocorre nas savanas da África, mas sim de fatores edáficos (fertilidade, teor de alumínio e grau de saturação do solo) e modificações pelo fogo e corte. Esses fatores produzem diversas formas ou fisionomias para o Cerrado. Os tipos de vegetação que ocorrem no interflúvio são: (1) o cerrado sensu lato; (2) a floresta mesofítica; (3) o campo rupestre; (4) os campos litossólicos miscelâneos; e (5) a vegetação de afloramento de rocha maciça. Há também os tipos de vegetação associadas aos cursos d’água, que são: (1) as florestas galerias ou florestas de encosta; (2) os buritizais e veredas; (3) o campo úmido; (4) os brejos permanentes; (5) o pantanal; (6) as plantas aquáticas e brejeiras (Eiten, 1994).

A vegetação principal do Cerrado é a do cerrado sensu lato, que cobre cerca de 85% da área total. O restante da província do Cerrado é ocupado pelos outros tipos de vegetação e também por corpos d’água. O cerrado sensu lato apresenta ainda categorias fisionômicas baseadas na proporção das três formas de crescimento de plantas: árvores, arbustos e gramíneas. São elas: (a) campo limpo – fisionomia dominada por gramíneas, com baixa cobertura de arbustos e de árvores; (b) campo sujo – fisionomia dominada por gramíneas e arbustos, com baixa cobertura de árvores; (c) cerrado sensu stricto – fisionomia com baixa cobertura de gramíneas e de arbustos, e mediana cobertura de árvores; e (d) cerradão – fisionomia com formações florestais com estrato herbáceo sem gramíneas, e dominado por plântulas e outras ervas e a maior cobertura de árvores do gradiente (até 7m) (Eiten, 1994; Henriques, 2005).

biodiversidade

O bioma Cerrado abriga um número de espécies vegetais e animais semelhante ao encontrado em formações florestais, tendo sido considerado como uma das 27 áreas críticas de biodiversidade do planeta e alto grau de endemismo, principalmente em relação à flora (Marinho-Filho et al. 2010). A grande complexidade de hábitats e paisagens no Cerrado propiciam a existência de uma fauna diversa e abundante, distribuída de acordo com os recursos ecológicos disponíveis, topografia, solo e microclima (Alho, 1981). Segundo Dias (1982), na região de cerrado, devido a sua grande heterogeneidade, podem ocorrer até 5% da fauna mundial, e cerca de um terço da fauna brasileira (Coutinho, 1990). Estimativas apontaram aproximadamente 320.000 espécies da fauna para o Cerrado, distribuídas por 35 filos e 89 classes, sendo 67.000 de invertebrados, correspondendo a 20% da biota desse bioma (Dias, 1992).

invertebrados

As informações sobre a de invertebrados são dispersas na e os poucos inventários dos grupos taxonômicos para o bioma são localizadas. A dificuldade em obter dados sobre a entomofauna, por exemplo, deve-se à extrema riqueza das espécies e abundância de alguns grupos e às dificuldades taxonômicas (Dias & Morais, 2007). Estudos diversos apontaram pelo menos 10 espécies de minhocas, 7 espécies de escorpiões (Motta apud Dias & Morais, 2007), 13 espécies de louva-deus (Terra, 1995), 139 espécies de vespas sociais (Dias & Morais, 2007), 800 espécies de abelhas (Raw, dados não-publicados) e, só no Distrito Federal (DF), foram listadas 49 espécies de aranhas (Dall’Aglio, 1992; Lucas et al, 1983; Levi & Eickstedt, 1989), 28 espécies de libélulas, 68 espécies de cupins (Coles, 1980; Dias & Morais, 2007), 150 espécies de vespas caçadoras (Dias & Morais, 2007). Em relação às borboletas, um levantamento realizado no Planalto Central produziu uma lista de 604 espécies (Brown & Mielke, 1967). Entretanto, segundo especialistas, estima-se que para essa região haja mais de 900 espécies de borboletas e entre 10.000 e 12.000 espécies de mariposas (Dias & Morais, 2007). Outras estimativas sobre três ordens de insetos juntas (Lepidoptera, Hymenoptera e Isoptera) sugerem a existência de 14.425 espécies, representando 47% da fauna estimada para o Brasil. As regiões mais bem conhecidas são o Distrito Federal e a Serra do Cipó (MG), necessitando de mais estudos áreas como, por exemplo, o leste da Chapada dos Veadeiros e o Vale do Paranã, em Goiás, o norte de Minas Gerais, o oeste da Bahia, o sudeste do Maranhão, grande parte do Tocantins, sul do Mato Grosso e norte do Mato Grosso do sul (MMA, 2002).

avifauna

Em relação à avifauna, 837 são as espécies que ocorrem no Cerrado, sendo 29 espécies endêmicas (MMA, 2002). Sessenta e sete por cento das espécies do Cerrado estão associadas às florestas de galeria e matas secas ( 1995). A mastofauna é representada por pelo menos 194 espécies, distribuídas em 30 famílias e nove ordens, dentre elas 14 espécies endêmicas. Cerca de 80% de todos os mamíferos (terrestres, voadores, aquáticos e semi-aquáticos) estão associados às matas de galeria.

Ambientes aquáticos

No cerrado há também uma série de ambientes aquáticos, como nascentes, lagoas efêmeras e ambientes brejosos (buritizais e veredas), assim como rios e riachos, formadores das principais bacias hidrográficas do Brasil. Na sua área nuclear situam-se os Domínios do Paraná, Amazônico e do Leste do Brasil. O Domínio do Paraná abrange as cabeceiras do Rio Paranaíba, seus afluentes da margem esquerda e alguns afluentes da margem direita, como o Rio São Marcos, e também os afluentes da margem direita do alto Rio Paraná. O Domínio do Leste do Brasil inclui as cabeceiras do Rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais, e afluentes da margem esquerda, como o Rio Paracatu e o Rio Urucuia. O Domínio Amazônico abrange os cursos do Alto e Médio Rio Araguaia e Rio Tocantins, além de cursos superiores de alguns afluentes dos rios , Tapajós e Madeira. Há também importantes conexões entre as cabeceiras de rios formadores das bacias hidrográficas do Tocantins, São Francisco e Parnaíba, constituindo áreas conhecidas como “Águas Emendadas”, localizadas no Estado de Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal (Ribeiro, M.C.L.B., 2007).

As bacias hidrográficas apresentam uma biota diversificada e rica em invertebrados e vertebrados aquáticos, entretanto grande parte ainda não é totalmente conhecida. Todas essas bacias hidrográficas apresentam uma biota característica. Quanto à ictiofauna, as espécies que ocorrem nas cabeceiras têm relações mais estreitas com a da própria bacia à jusante do que com a de cabeceiras de outras bacias. Entretanto, nas áreas em que há conexões entre as bacias (“Águas Emendadas”) pode haver troca entre a ictiofauna de cada uma. No Distrito Federal há conexões entre as bacias de Tocantins e Paranaíba, Tocantins e São Francisco, e São Francisco e Paranaíba, embora somente a primeira conexão encontre-se protegida pela ESEC Estadual de Águas Emendadas e as outras duas estejam seriamente comprometidas pela pressão das atividades humanas (Ribeiro, M.C.L.B., 2007).


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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