Lula: o país não é meu. Eu é que sou do país
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem caminhado pelas regiões do país, fazendo encontros com movimentos sociais e lideranças políticas. Suas conversas e tecituras, embora acompanhadas de sucessivas pesquisas de opinião que o colocam como o candidato que, no cenário atual, aparece como preferido nas pesquisas, não têm tido a característica de comícios, carreatas ou eventos de candidato. Têm, isto sim, demonstrado sua disposição de conversar, mesmo com aqueles que num passado recente estiveram entre os que trabalharam para a derrubada do seu partido, o PT, do governo.
Nesta primeira etapa da caminhada, está em Brasília, onde concedeu uma entrevista coletiva, onde pontuaram todas as perguntas pertinentes à pauta do momento. O que se viu, foi um discurso afinado com as questões atuais, um Lula moderado, afável e com disposição para dar novos rumos ao país. Lamentou as 600 mil mortes, a que chegamos hoje, devido à pandemia.
Saltou aos olhos de quem o questionou ou assistiu, a leveza de sua expressão, seu gestual e as falas amenas com relação até mesmo a quem o vem criticando e espicaçando há algum tempo. “É do jogo político”, reagiu. E ele sabe bem disto. “Só não é vaiado quem não sobe em palanque. Eu já fui muito vaiado”, disse, sem demonstrar nenhum ressentimento com as pedradas já disparadas em sua direção. A quem o abordou diretamente sobre as vaias e ataques sofridos por Ciro Gomes, no último ato no dia 2 de outubro na Avenida Paulista, devolveu, emendando com uma pergunta: “Você já me ouviu falar mal do Ciro Gomes? Não falo”. Mas não sem ter o cuidado de comentar que quem quer ser candidato a presidente tem mesmo que criticar os adversários.
E, por fim, sem refutar nenhuma das perguntas a ele dirigida, deixou claro que se faltou aos atos de “Fora Bolsonaro”, coisa que lhe cobraram em uma das perguntas, foi porque tem consciência de que um candidato que tem mais de 40% das intenções de voto, ao subir num palanque, o faz como um líder político e dele não pode mais descer. Além das razões sanitárias (tem consciência de que aos 75 anos isto é um risco), disse que ainda não é candidato e esta definição só fará em janeiro. Mas alertou que no dia em que subir num caminhão de som e discursar, será deixou subentendido, na condição de candidato. Até lá, vai continuar sua costura política e, em breve, estará em várias capitais do exterior, em encontros com lideranças sindicais e de governo. Quer recuperar a imagem do país lá fora. Depois de tantos vexames, é tudo que o Brasil espera.