O Cerrado em toda parte: Evento no Museu do Amanhã aproxima cariocas do Cerrado

Evento no Museu do Amanhã aproxima os cariocas do Cerrado

‘O Cerrado em toda parte’ terá presença de representantes de povos e comunidades tradicionais que habitam o bioma

RIO DE JANEIRO – Durante toda a terça-feira, dia 09 de outubro, o Museu do Amanhã, na Praça Mauá, Centro do Rio, se tornará uma extensão do Cerrado, a savana mais rica em biodiversidade do mundo. O evento “O Cerrado em toda parte”, realizado em parceria com a ActionAid e a Rede Cerrado, busca sensibilizar a população carioca para a importância do bioma e sua relação com os grandes centros urbanos de todo o Brasil. Inscrições no site do Museu do Amanhã.

O Cerrado é considerado o “berço das águas”, dada sua riqueza hidrográfica. É nele que nascem três grandes aquíferos do país, e preservá-lo é fundamental para garantir o acesso à água para toda a população. Mas muito além do curso de seus rios, o bioma abriga uma enorme quantidade de espécies de flora e , e uma diversidade cultural vinda de populações tradicionais que, por viverem há gerações em harmonia com o ambiente, são considerados seus guardiões.

Todo este , no entanto, está sob ameaça, sendo os crescentes índices de e dados de conflitos rurais em territórios de Cerrado os principais termômetros de um processo silencioso de destruição.

“Onde tem comunidade tradicional, tem Cerrado em pé, tem flora e fauna conservados, e tem rios fluindo. Garantir a permanência dessas populações em seus territórios é a forma mais efetiva para barrar o avanço do desmatamento e a manutenção da vegetação e da água”, diz Avanildo Duque, gestor de Programas e Políticas da ActionAid. “O evento ‘O Cerrado em toda parte’ é um convite para que o Rio de Janeiro conheça um pouco mais dessa história e se engaje na proteção desse bioma rico e vibrante”.

A programação está dividida em três partes. Pela manhã, um seminário mediado pela jornalista Flávia Oliveira dará cara e voz ao Cerrado, numa mesa formada por representantes de populações tradicionais do bioma. Uma quilombola, do estado do Tocantins, uma quebradeira de coco babaçu, do Piauí, e um geraizeiro, de , se encontrarão para trocar experiências, falar de seus modos de vida em equilíbrio com o meio ambiente, e apontar os principais riscos que enfrentam hoje em seus territórios. Participará desta conversa também Maria Emília Pacheco, da Fase e ex-presidente do Conselho Nacional de Alimentar e Nutricional, para abordar a importância desses povos para o acesso à alimentação e água no Brasil.

À tarde, serão exibidos cinco documentários de longa, média e curta metragem e cuja principal temática é o Cerrado. As exibições serão seguidas de debate com os diretores. Durante todo o dia, atividades pedagógicas acontecerão para as crianças, incluindo contação de histórias, oficinas e exposições. A programação completa está abaixo.

“Houve um tempo em que os povos e comunidades tradicionais lutaram para ficar invisíveis, pois isso era uma garantia de sobrevivência e permanência em seus territórios e manutenção dos seus modos de vida. Atualmente, a luta é pela visibilidade, pela exposição do que está ocorrendo, como ataques e violências sofridas. Falar sobre o Cerrado e sobre seus povos no Museu do Amanhã é trazer a discussão para as grandes , é expor a um público já acostumado a falar de Amazônia, as riquezas de outro bioma extremamente importante para o país”, resume Katia Favilla, secretária executiva da Rede Cerrado.

“Queremos, com o evento, convidar a todos a conhecerem mais o Cerrado, que tem extrema importância para a manutenção de um dos principais serviços ambientais brasileiros: o fornecimento de água. É importantíssimo que nossas crianças entendam, de maneira lúdica, o que é um aquífero; que compreendam que o Cerrado não é um deserto, estéril. Serão encontros para todas as idades”, destaca o editor de Conteúdo do Museu do Amanhã, Emanuel Alencar.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Programação manhã:

 Seminário “O Cerrado em toda parte”

Local: auditório do Museu do Amanhã

10h ‐ Mesa institucional de abertura

Ricardo Piquet, diretor‐presidente do Museu do Amanhã

Katia Favilla, representante da Rede Cerrado

Isolete Wichinieski, representante da Campanha Nacional pela Defesa do Cerrado

Avanildo Duque, representante da ActionAid Brasil

10h15min às 13h – Roda de conversa mediada pela jornalista Flavia Oliveira com a quebradeira de coco babaçu Dona Socorro (MIQCB), a quilombola Fatima Barros (ANQ), o geraizeiro Samuel

Caetano (Articulação Rosalino e CAA‐NM) e a antropóloga Maria Emilia Pacheco (Fase e ex-presidente do CONSEA)

Bloco 1: O que é o Cerrado, que importância tem, quem vive nele, como vive.

Bloco 2: qual risco o Cerrado corre, como seus povos estão sendo ameaçados, como as águas e a vegetação têm sido comprometidas pelo modelo de desenvolvimento do país

Bloco 3: ações da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado no Brasil e no exterior, para proteger os povos e o bioma.

 Programação tarde:

Sessão de filmes

Local: auditório do Museu do Amanhã

14h ‐ Sertão Velho Cerrado

Brasil, 2018 ‐ André D’Elia

Preocupados com o fim do Cerrado no estado de Goiás, os moradores da Chapada dos Veadeiros buscam alternativas de desenvolvimento para sua região. O diretor André D’Elia apresenta brevemente este filme que foi o vencedor do Prêmio do Público na Competição Latinoamericana da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.

16h ‐ Guardiões do Cerrado

Brasil, 2017, 12′ – Fabio Erdos

Em três emocionantes minifilmes, povos indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco babaçu contam sobre seu amor pelo Cerrado, como seus modos de vida protegem o bioma e as ameaças de devastação que vem sofrendo. O diretor Fabio Erdos apresenta brevemente os desafios que enfrentou para realizar as filmagens em territórios sob grande pressão e violência.

16h45m ‐ Seu churrasco tem ?

2017 – 35′ – Thomas Bauer

O Brasil é um dos maiores exportadores de soja. Mas o que significa para as populações locais o avanço do chamado “ouro verde”? Pequenos agricultores e indígenas falam sobre as dificuldades diante da perda de suas terras e territórios e os males causados pelos . Durante uma visita a um agricultor orgânico na Alta Áustria, é possível observar como essa realidade pode ser diferente. O diretor Thomas Bauer apresenta brevemente esse filme que circulou em festivais no Brasil e na Europa.

Programação todo o dia (10h às 17hs):

Atividades pedagógicas

Local: Terreiro

  • Exposição itinerante do Museu de Mineralogia Aitiara sobre o aquífero Guarani com exibição de maquetes e demonstração da pedra aquífero que absorve água
  • Oficina de pintura com pigmentos do cerrado para crianças
  • Contação de histórias sobre o Cerrado
  • Venda de produtos da cooperativa Central Cerrado na Loja do Museu

Fotoxavante lucio

 

ANOTE AÍ:

Sobre a ActionAid

A ActionAid é uma organização internacional de combate à pobreza, que atua em projetos de desenvolvimento nos temas que são considerados estruturantes das desigualdades. No Brasil, desenvolve ações em segurança alimentar, direitos das mulheres, educação, e participação democrática. Em 2016, participou do grupo que criou a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, por entender que garantir o direito das populações tradicionais e seus modos de vida é fundamental para um desenvolvimento justo e sustentável.

Sobre a Rede Cerrado

Composta por mais de 50 entidades da sociedade civil associadas, a Rede Cerrado trabalha para a promoção da sustentabilidade, em defesa da do Cerrado e dos seus povos. Indiretamente, a Rede Cerrado congrega mais de 300 organizações que se identificam com a causa socioambiental do bioma.

Sobre o Museu do Amanhã

Museu do Amanhã é um museu de que explora as oportunidades e os desafios que a humanidade terá de enfrentar nas próximas décadas a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. Visitado por mais de 3 milhões de visitantes desde a sua inauguração em dezembro de 2015, o Museu do Amanhã é um exemplo de parceria público-privada, criado por iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, gerido pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Com patrocínio Máster do Banco Santander e uma ampla rede de patrocinadores que inclui empresas como Shell, IBM, IRB‐Brasil RE, Engie, Grupo Globo, CCR, Deloitte, Intel, Cisco, Fundation Engie, JCDecaux e Suvinil, o museu foi originalmente concebido com apoio da Fundação Roberto Marinho. Além desses, Governo do Estado, por meio da Secretaria do Ambiente, e Governo Federal, pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),  apoiam a instituição.

Cerrado araticum www.caliandradocerrado.com .br

MAIS INFO:

Juliana Câmara | Assessora de Imprensa | Press Officer| Brasil

Tel: + 55 21 2189 4643// + 55 21 99762 2519

E: juliana.camara@actionaid.org | Skype: juliana_camara01

 

FOTOS:

Capa: Ecoa

Internas: Povo Xavante – Acervo Lúcio Xavante. Demais: autoria não identificada.

Cerrado dourado anoitecer

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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