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RAONI NOBEL DA PAZ

#RaoniNobeldaPaz: O inelegível mentiu em discurso na ONU

Raoni diz que Bolsonaro mentiu em discurso na ONU e que quem toca fogo são fazendeiros, madeireiros e garimpeiros

Presidente afirmou na Assembleia Geral das Nações Unidas que a Amazônia é úmida e que quem provoca incêndios são caboclos e índios.

 Por Redação Kessillen Lopes e Lo-hanna Nunes
O cacique Raoni Metukture se manifestou neste sábado (26) sobre o discurso que o presidente Jair Bolsonaro fez na Assembleia das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira (22). Na ocasião, Bolsonaro elogiou a política do governo para o , disse que o é vítima de deseinformação e afirmou que os incêndios na Amazônia são causados “pelo índio e pelo caboclo, que queimam seus roçados”.
Raoni foi até Sinop, no norte do estado, para realizar exames do coração e procurou a imprensa para defender os dos ataques sofridos.
“Não aceito. Ele diz no jornal que índio está botando fogo no planeta, isso é pura mentira. São os próprios fazendeiros. Alguns fazendeiros prejudicam a mata, a natureza. Madeireiros, garimpeiros… Eles que estão botando fogo no planeta”, disse o líder indígena.
O Cacique disse ainda que sempre teve apoio de outros presidentes para defender e preservar o meio ambiente por meio de . No entanto, segundo ele, a partir deste ano, não conseguiu mais discutir essas questões devido à falta de diálogo com o atual presidente.
“Somos os primeiros habitantes nessa terra e depois o homem branco que já vem destruindo a e a natureza, isso me preocupa. Quero dizer aqui pra vocês, que ex-presidentes que já sentaram no cargo como: Tancredo Neves, Sarney, Color… Todos que passaram nunca houve desentendimento comigo. Nunca tiveram problema. Estes presidentes acolheram minhas demandas, de preservar a natureza”, disse.
Discurso do presidente
O discurso de Bolsonaro na Assembleia da ONU foi proferido em um contexto de intensas que assolaram o Pantanal nas últimas semanas. O bioma teve em setembro o recorde histórico de focos de incêndio para o mês. Na Amazônia, principal alvo de preocupação da comunidade internacional, os alertas de desmatamento subiram 34% de agosto de 2019 a julho de 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No discurso, Bolsonaro disse que a é úmida. Por isso, segundo ele, o fogo não se alastra pelo interior da mata.
“Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas. Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”, declarou o presidente.
Luta pelo meio ambiente
O cacique Raoni é reconhecido ambientalista e defensor dos . Ele é o líder do grupo Kayapó mais antigo, que vive em aldeias espalhadas nos estados do Mato Grosso e Pará.
Sua incansável luta por de terras e proteção da Floresta Amazônica o levou a ganhar o respeito e admiração não apenas de seu , mas de todas as comunidades indígenas brasileiras, além de chefes de estado estrangeiros, como Emmanuel Macron e ambientalistas.
Raoni ganhou projeção internacional nos anos 1980, liderando uma campanha global ‘Save de Rainforest’ (Salve a Floresta), juntamente com o músico Sting. Eles visitaram 17 países de abril a junho de 1989. A campanha foi muito bem sucedida e deu ao cacique Raoni a oportunidade de aumentar a conscientização mundial sobre desmatamento. Doze fundações para proteção da Floresta foram criadas para angariar fundos para a criação de uma reserva contínua abrangendo a Bacia do Alto e Médio Rio Xingu, entre o Mato Grosso e o Pará.

Fonte:  Correio do Povo  Publicado originalmente no g1.globo.com

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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