Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

Uiraçu: em busca das lendas perdidas

Uiraçu: em busca das lendas perdidas

 Uiraçu: em busca das lendas perdidas, da Editora Ninho da Palavra, escrito por Beto Seabra, Zelito Passos e com ilustrações de Cacá Soares, é um livro que conta uma história fantasiosa da Amazônia, misturando ficção e realidade, para engajar sobretudo as pessoas jovens no cuidado com o meio ambiente. 

Por Zezé Weiss 

Uiraçu conta a história do curumim Cauê, que precisa salvar o cesto de lendas e histórias da sua aldeia do risco de desaparecerem por conta da erosão causada pelo monstro Voçoroca, que destrói as florestas e ameaça destruir o povo do curumim. 

Além do curumim Cauê, os e as demais protagonistas do livro são a menina Ceci, da cidade e filha de antropólogos; o papagaio Juru; o gavião gigante Uiraçu; e o menino Tião, filho de um pescador, um personagem que não passa despercebido na história. 

O menino Tião, descrito como um “verdadeiro superatleta”, é uma criança com deficiência que usa seu par de muletas para se locomover.   Beto Seabra, um dos autores do livro, explica a importância da inclusão de Tião em Uiraçu

“Em nossa infância, nós tínhamos um amigo que era uma criança com deficiência física na perna e no braço, mesmo assim ele jogava bola com a gente, ele era o goleiro. Como é que tem criança que, mesmo com alguma deficiência, consegue fazer tudo? Basta ver aí os paratletas. O Tião foi um pouco isso, sabe? Foi um jeito nosso de chamar a atenção para essa parcela importante da população brasileira.”

Outro diferencial da história é com relação ao vilão: Voçoroca não é um personagem. Voçoroca é um fenômeno geológico – são grandes buracos causados no solo por meio da erosão em consequência das áreas desmatadas. 

O livro faz, ainda, um esforço bem-sucedido de valorização das lendas indígenas e da cultura brasileira. Segundo Beto Seabra, essa opção foi fundamental porque “as lendas não só mitos, elas são também formas essenciais de conhecimento”. 

No caso de Uiraçu, Beto, Zelito e Cacá mesclam referências da mitologia indígena com fenômenos geológicos, como a Voçoroca, para, reverenciando o conhecimento ancestral dos povos originários, denunciar a destruição do meio ambiente e lutar pela preservação da natureza e por dias melhores para o planeta Terra, nossa única morada no Universo. 

Leitura imperdível!

Para adquirir seu exemplar, entre em contato com Beto Seabra (61) 9 9970 8574. 

Zezé Weiss – Jornalista Socioambiental.

 

 

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

0 0 votos
Avaliação do artigo
Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

CAMPANHAS

Parcerias

Ads2_parceiros_CNTE
Ads2_parceiros_Bancários
Ads2_parceiros_Sertão_Cerratense
Ads2_parceiros_Brasil_Popular
Ads2_parceiros_Entorno_Sul
Ads2_parceiros_Sinpro
Ads2_parceiros_Fenae
Ads2_parceiros_Inst.Altair
Ads2_parceiros_Fetec
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

REVISTA

REVISTA 109
REVISTA 108
REVISTA 107
REVISTA 106
REVISTA 105
REVISTA 104
REVISTA 103
previous arrowprevious arrow
next arrownext arrow

CONTATO

logo xapuri

posts recentes

CHICO MENDES 35 ANOS – EMPATE DE RETOMADA

Há 35 anos, Chico Mendes foi silenciado, mas sua luta ecoa até hoje. Quer saber como você pode fazer parte dessa história?

💪🏼Chico Mendes foi um líder inesquecível, assassinado por defender nossas florestas e os povos que nelas vivem. Seu legado enfrentou ameaças, mas agora é a hora da virada. É o momento do “Empate de Retomada”, uma nova fase na luta pelas conquistas e ideais de Chico.

👉🏻Para fazer esse empate acontecer, precisamos mais do que nunca da sua parceria e contribuição. DOE AGORA! Seja parte dessa retomada!