Isolados Ou Dizimados: Originários Em Risco De Extinção

Isolados Ou Dizimados: Originários Em Risco De

LIVE SOLIDÁRIA – 01/02/2022 – RESUMO

Em papo reto, como diz nossa cacica Zezé Weiss, a jornalista Ana Paula e o líder Beto Marubo colocam no ar a situação de violações de direitos que enfrentam os povos no atual governo, sejam eles isolados, autônomos ou de recente contato ou povos em contexto urbano, o que temos , sobretudo são desamparados.

‘’A mídia alternativa tem sido importante espaço para esse que não possui representantes”, destacou Beto Marubo, que agradece às organizações como APIB, ISA, COIAB, CIMI e aos militantes de causas ambientais que fazem ecoar o pedido de socorro para que esses povos não sejam extintos.

Marubo diz de seu orgulho por se dedicar por mais de 10 anos à e e espera retornar para proteger os parentes isolados do Pará, do Acre, Rondônia e de todo o país.

Ana ressalta que a desigualdade social aumentou. Os povos indígenas se tornaram escravos de um governo genocida, pondera que o ano será difícil, algumas ações serão imprescindíveis, e vê esperança para a luta através da eleição com e .

Cada um de nós pode apoiar essa importante causa. Divulgar o que vem acontecendo é essencial.

Marubo nos alerta que a FUNAI deixou de cumprir seu papel de proteção aos povos originários e, trocou de lado. Hoje, existem funcionários que estão contra os povos indígenas.

A FUNAI foi criada para proteger e implementar políticas públicas de proteção aos povos indígenas e ao seu território, mas o que os indígenas estão passando é um genocídio.

O governo cumpre o que prometeu em campanha e mais, não só deixou de demarcar terras para os povos indígenas, como faz vista grossa para fazendeiros, ruralistas, para o agronegócio retrógrado, garimpeiros e todo o mal que podemos acompanhar: bombas de gás lacrimogêneo, invasões, doenças, o saque e o massacre dos povos e das .

Ajude: www.isoladosoudizimados.org.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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