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Em Cuba só tem três coisas que funcionam: É a Segurança, a Educação e a Saúde"

“Em Cuba três coisas funcionam: Segurança, Educação e Saúde”

Em Cuba só tem três coisas que funcionam: É a Segurança, a Educação e a Saúde”

Pai,

Desde os anos 1960 você escutava gente falando mal de Cuba, e nos últimos tempos foi a mesma coisa, inclusive com faixas idênticas, falando que “O Brasil não será uma nova Cuba”. Acho incrível que, com toda a possibilidade que temos hoje, as pessoas ainda tenham preguiça de pesquisar um pouquinho. O assunto andou meio esquecido, e mesmo sem querer essas pessoas foram recebendo informações e a maioria parou, apesar de ainda ouvirmos alguns “Vai pra Cuba!”.  

Agora, aos poucos, eles começam a deixar escapar algumas informações, alguns fatos, e a gente vai pescando e mostrando até pra quem não quer ver. 

A última partiu justamente de um jornalista de um daqueles programas que ajudaram a espalhar o ódio e a desinformação.

O tal jornalista disse que “Em Cuba só tem três coisas que funcionam, é a segurança, a educação e a saúde!”

“Putz Grila”, como você dizia, pai! Fico sem entender este pessoal. Eles mentem tanto que  esquecem que a verdade as vezes escapole.

O ato falho desse pessoal é que juntando as duas frases, podemos concluir que se eles não querem que o “Brasil seja uma nova Cuba”, e que lá “tem segurança saúde e educação”.

Podemos ver que o que eles estão fazendo é exatamente lutar para que nós não tenhamos nada disso! Será que os que acreditaram neles estão conseguindo entender agora? Quero Segurança, Saúde e Educação!

Quero que o Brasil seja uma nova Cuba, pai!

Um beijo do seu filho,

Ivan

Block

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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