Farnel do Vale do Ribeira

Farnel do Vale do Ribeira

Ana Luiza Trajano

No Vale do Ribeira, núcleo de vários quilombos, como o de Ivaporunduva, farnel é um prato com banana frita e farinha.

O nome remete à bolsa usada pelos tropeiros para carregar alimentos.

Esta receita foi publicada por Ana Luiza Trajano na Revista Claudia: https://claudia.abril.com.br/cozinha/ana-luiza-trajano-ensina-receitas-tradicionais-da-cultura-quilombola/ Confira

INGREDIENTES:

1 colher (sopa) de manteiga de garrafa

1 colher (chá) de açúcar

3 bananas bem maduras cortadas em rodelas

3 colheres (sopa) de farinha de mandioca

Canela em pó a gosto

PREPARO:

Em uma panela, aqueça a manteiga, junte o açúcar e deixe caramelizar. Adicione as rodelas de banana e, quando começarem a dourar, acrescente a farinha de mandioca, mexendo. Cozinhe até que fique com consistência firme. Polvilhe com canela e sirva.

Ana Luiza Trajano – Chef de Cozinha. Pesquisadora dos sabores tradicionais da .

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Farnel do Vale do Ribeira
Ana Luiza Trajano
No Vale do Ribeira, núcleo de vários quilombos, como o de Ivaporunduva, farnel é um prato com banana frita e farinha.
O nome remete à bolsa usada pelos tropeiros para carregar alimentos.
Esta receita foi publicada por Ana Luiza Trajano na Revista Claudia: https://claudia.abril.com.br/cozinha/ana-luiza-trajano-ensina-receitas-tradicionais-da-cultura-quilombola/ Confira
INGREDIENTES:
1 colher (sopa) de manteiga de garrafa
1 colher (chá) de açúcar
3 bananas bem maduras cortadas em rodelas
3 colheres (sopa) de farinha de mandioca
Canela em pó a gosto
PREPARO:
Em uma panela, aqueça a manteiga, junte o açúcar e deixe caramelizar. Adicione as rodelas de banana e, quando começarem a dourar, acrescente a farinha de mandioca, mexendo. Cozinhe até que fique com consistência firme. Polvilhe com canela e sirva.
Ana Luiza Trajano – Chef de Cozinha. Pesquisadora dos sabores tradicionais da Culinária Brasileira. Capa: Revista Claudia. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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